Virgínia Mendes
CUIABÁ MAIS
[email protected]
Crédito - Arquivo pessoal
Posso falar sobre esse assunto com propriedade. Ser adotada, no meu caso, foi uma experiência extraordinária. Minha mãe biológica não ficou comigo, mas deixou que eu vivesse e fui recebida por minha mãe adotiva com muito amor. Sua dedicação e carinho foram essenciais para o meu desenvolvimento. Ela foi uma verdadeira inspiração e um exemplo de como o amor pode transformar vidas.
Minha mãe, a querida e amada saudosa Euridice Gomes, que infelizmente já não está mais conosco, perdeu sete filhos, depois de muitas perdas ela me adotou, e tornou-se um verdadeiro instrumento de Deus em minha vida. Através dela, pude conhecer o verdadeiro significado de ser amada e cuidada. Sua presença em minha vida foi fundamental para a pessoa que sou hoje, e sou eternamente grata por tudo que ela fez por mim.
Também tive a oportunidade de viver essa experiência incondicional de amor, quando adotamos nossa filha caçula Maria Luiza, um verdadeiro presente enviado por Deus. Adotar é um ato de amor, de entrega e de acolhimento, onde um filho é gerado no coração. Esse vínculo, baseado na essência de gratidão e reciprocidade, é algo extraordinário.
No Brasil, o processo de adoção envolve várias etapas e o número de adoções nos últimos anos são expressivos. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), atualmente 30 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento, e cerca de cinco mil estão aptos a serem adotados.
Os dados ainda indicam que há cerca de 36.706 pretendentes cadastrados e, destes, mais de 40% estão dispostos a adotar crianças com algum tipo de doença ou necessidade especial. Isso mostra uma crescente aceitação e abertura para a adoção de crianças e adolescentes que tradicionalmente enfrentam mais dificuldades para serem adotados. Vale destacar que o processo de adoção no Brasil passou por várias melhorias nos últimos anos, com destaque para implementação do SNA. Além disso, a legislação tem incentivado a adoção tardia e aprimorado os mecanismos de acompanhamento pós-adoção para garantir o bem-estar das crianças.
Em Mato Grosso, a Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (AMPARA), da qual tenho muito orgulho de ser madrinha, mantém um projeto de busca ativa em parceria com o Tribunal de Justiça de MT, o que tem facilitado o processo de adoção no estado. Atualmente, existem 60 crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Deste total, 25 estão vinculados a pretendentes e 35 ainda não foram vinculados a nenhuma família adotante. Em comparação, há 627 pretendentes cadastrados, um número significativo de pessoas interessadas em adotar.
A adoção oferece uma nova chance, uma nova história para crianças que, por diversas razões, não puderam permanecer com suas famílias biológicas. É uma troca mútua de amor e aprendizado, onde ambos, pais e filhos, crescem e se transformam juntos. É importante ressaltar que a adoção não pode ser uma válvula de escape ou uma simples realização pessoal. A adoção exige consciência e responsabilidade.
A adoção é, sem dúvida, um ato de coragem e altruísmo. Deus nos dá essa oportunidade colocando uma criança adotiva como um presente em nossas vidas. Neste Dia Nacional da Adoção, celebramos todas as histórias de amor e resiliência que nascem desse gesto sublime. Agradecemos a todas as famílias adotivas, que com tanto amor e dedicação, oferecem uma nova vida a tantas crianças. E que possamos continuar promovendo a adoção como uma forma legítima e extraordinária de construir famílias.
Virginia Mendes é economista, empresária, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo