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Saúde Terça-feira, 02 de Abril de 2024, 05:03 - A | A

02 de Abril de 2024, 05h:03 - A | A

Saúde / EDUCAÇÃO

Especialista comenta relatório da OMS sobre cyberbullying

“Além da responsabilização, é fundamental que as redes de ensino promovam medidas de prevenção e apoio aos jovens”, diz Cláudia Sintoni, gerente de Implementação do Itaú Social e psicóloga pela USP

Itaú Social – Assessoria de Imprensa
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Segundo relatório, uma em cada seis crianças e adolescentes de 11 a 15 anos é vítima de prática de intimidação no ambiente virtual   Na última quarta-feira (27/03), a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou relatório que aponta: uma em cada seis crianças e adolescentes, entre 11 e 15 anos, foi vítima de cyberbullying — prática de intimidação sistemática ocorrida em ambiente virtual. O estudo se baseou em questionários aplicados a 279 mil jovens de 44 países em regiões da Europa, Ásia Central e Canadá. “Entendemos que a responsabilização para quem pratica a discriminação e violência, como o bullying, é um sinal importante. Contudo, é fundamental que o Governo Federal, em consonância com as redes municipais e estaduais de ensino, crie medidas para prevenir ações hostis e agressivas na rotina escolar”, diz Cláudia Sintoni, gerente de Implementação do Itaú Social e formada em Psicologia pela USP (Universidade de São Paulo). No Brasil, o Governo Federal sancionou lei, em janeiro deste ano, que tipifica o bullying e o cyberbullying como crime previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A nova legislação determina que outros atos contra esse grupo etário, principalmente no ambiente escolar, sejam tratados como crimes hediondos. Desde o fim da pandemia, os cuidados com a saúde mental de estudantes e professores são preocupações permanentes nas redes municipais de ensino, segundo a pesquisa “Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas redes municipais de ensino”, realizada pelo Itaú Social, em parceria com a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), divulgada em 2023. Pelo ponto de vista dos docentes, iniciativas que promovam o cuidado com o clima e a convivência no ambiente escolar, além de medidas de apoio e acolhimento à comunidade, devem ser priorizadas pelo poder público, conforme mostra pesquisa de opinião realizada com professores, apresentada em 2023 pelo Itaú Social e Todos Pela Educação. Para contribuir com as famílias e com os docentes no cuidado das crianças em idade escolar, o Itaú Social disponibiliza gratuitamente o curso “Prevenção da violência on-line na primeira infância”. O conteúdo foi produzido em parceria com a Childhood Brasil e oferece materiais de apoio e ferramentas para potencializar o diálogo sobre a construção de rotinas saudáveis relacionadas ao uso das tecnologias. Claudia Sintoni Psicóloga pela Universidade de São Paulo – USP e arte educadora. Atuou em instituições públicas como a Secretaria Estadual do Menor e Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor – Febem/SP e em organizações da sociedade civil, como a Fundação Projeto Travessia. Trabalhou no desenvolvimento de projetos de voluntariado e educação em empresas e fundações empresariais, como Globo Cabo, Fundação BankBoston, Instituto BM & FBOVESPA e Fundação Otacílio Coser. Conheça mais dados sobre o tema: A saúde mental de estudantes e professores é apontada por 75% dos dirigentes municipais de educação como o maior desafio na gestão dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano); *fonte: Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas redes municipais de ensino 52,2% das redes municipais tratam de temas ligados ao bullying e às dificuldades de convivência dos alunos uma vez a cada semestre ou anualmente. Somente 4,9% das redes de ensino afirmam realizar formações recorrentes, com periodicidade quinzenal, voltadas a esses assuntos; *fonte: Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas redes municipais de ensino Entre as estratégias adotadas pelas redes municipais de ensino para lidar com a saúde mental da comunidade escolar, destacam-se: estimular a convivência escolar (69,2%); avaliar ou refletir os processos de aprendizagem com os estudantes (68,6%); fortalecer as relações entre as famílias, escola e comunidade (67,5%); realizar ações intersetoriais com a Rede de Proteção das Crianças e Adolescentes, secretarias de Saúde e/ou Assistência Social (66,4%); *fonte: Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental nas redes municipais de ensino As principais ações que o poder público deve adotar são: apoio psicológico a professores e estudantes (18%), aumento no salário dos professores (17%), promoção de programas de reforço e recuperação (16%) e promoção do envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos (14%); *fonte: Pesquisa de opinião com professores Necessidade do apoio psicológico cresce conforme ciclos da educação básica: Anos Iniciais do Ensino Fundamental (15%), Anos Finais (19%) e Ensino Médio (21%); *fonte: Pesquisa de opinião com professores 71% dos docentes concordam totalmente ou em partes que se sentem mais estressados no trabalho devido a cobranças excessivas por resultados; *fonte: Pesquisa de opinião com professores Oito em cada dez entrevistados concordam que, se pudessem decidir novamente, ainda escolheriam ser professor. Além disso, 91% concordam totalmente que o que traz mais satisfação na profissão é quando percebem que os alunos estão aprendendo. *fonte: Pesquisa de opinião com professores A maioria dos alunos (94%) estuda em escolas públicas que oferecem apoio psicológico, segundo os entrevistados. No entanto, o percentual cai para 34%, quando analisados apenas estudantes matriculados no Ensino Médio. Na avaliação de 74% de mães, pais e responsáveis, o apoio psicológico contribui muito na formação dos estudantes; *fonte: pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias O levantamento mostrou ainda que 34% dos estudantes têm dificuldades para controlar as suas emoções. Para alunos do Ensino Médio, esse número sobe para 40%. Além disso, 24% estão se sentindo sobrecarregados e 18% estão tristes ou deprimidos. *fonte: pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias A sobrecarga de trabalho afeta negativamente a saúde dos docentes, podendo acarretar prejuízos com o absenteísmo e a necessidade de substituição de profissionais; *fonte: Volume de trabalho docente Uma das sete recomendações indicada na pesquisa está relacionada à criação de espaços de acolhimentos para a comunidade escolar, colocando o bem-estar e a saúde mental do corpo docente e discente no centro do projeto educacional; desenvolver políticas de apoio à saúde mental dos profissionais da educação e dos diretores e criar uma rede de apoio para a comunidade escolar; *fonte: Volume de trabalho docente Há uma discrepância nas aprendizagens de estudantes de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental que vivenciam problemas emocionais, especialmente entre pretos e pardos. As investigações sobre o sofrimento emocional relatados por alunos indicam que, além da saúde física, os adolescentes experimentaram, diante das consequências da pandemia, sentimentos de medo, tristeza e nostalgia, expressos em sintomas de depressão, ansiedade, automutilações e ideações suicidas. *fonte: A Convivência como Valor nas Escolas Públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais - Pesquisa apoiada pelo Edital Anos Finais do Ensino Fundamental: Adolescências, Qualidade e Equidade na Escola Pública. Atividades que podem ser promovidas com equipes de educadores, estudantes e famílias As ações sugeridas estão baseadas na proposta de construir espaços saudáveis de convivência nos quais seja possível compartilhar sentimentos e, também, vivenciar boas experiências, como um “respiro” diante de um período tão prolongado de estresse em decorrência da pandemia. Rodas de conversa a partir de leitura, filmes/vídeos, músicas e outras expressões artísticas, além de potenciais conversas com psicólogos(as). É interessante pensar também em garantir rodas com pequenos grupos; Saraus em que cada um(a) possa trazer para o grupo alguma manifestação artística de predileção (música, poema, repente, embolada, performance teatral etc); Canais de escuta sistemáticos por público, como lives periódicas voltadas para gestores(as), familiares e estudantes; Consultas específicas que facilitem manifestação e escuta (por exemplo, sobre educação e vivência); Oficinas artísticas como oportunidade de expressão de sentimentos. Fonte: Guia de sugestões para acolhimento, Itaú Social



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